quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Dedicada a Silvana C. Pereira

UM GRILO CONTEMPLA O SOL BRANCO E OUVE O SILÊNCIO DO MAR

UM GRILO

Agora sou homem verdadeiro:
tirei meu coração das lágrimas.
Sou inquilino das folhas,
da felicidade sempre fugidia...

Mas de estátua ainda me faço,
perto das mãos, dos cérebros de aço.
Olho de menino e cabeça de hidra,
boca de maré e alma sem ferida,
passando pelas ruas,
pelas vias escuras da vida.

No que acreditei, está crido
no que sinto, não sou ferido,
apenas vivo minha natureza:
sou um grilo, tranquilo com o amanhecer!
Amigo das formigas e das gotas de orvalho...

O SILÊNCIO DO MAR

Lábios que não calam
a entoar a infinita canção,
Obrigado, por dar-me a fala,
no ato da minha oblação!

Ínfimo sei que sou,
diante da tua eternidade,
mas para ouvir-me tu te calastes,
mais um sinal da tua lealdade...

Meus versos são ecos longínquos,
cópia da tua dança com uma flor.
Mas Tu mesmo me aceitastes:
fundamental é viver no amor

O SOL BRANCO

As rimas pulavam das águas
e vestiam o sol de branco,
águas que no céu flutuam
entre o mistério e o encanto.

Se ele que é rei se rendeu
ao manto da luz fria,
também eu vou tentando,
mas me refletindo em uma bacia...

Sete dias passo cheio,
sete dias passo minguante;
sete dias passo novo
e os demais dentro do ovo...

Nélio Silvério
Salvador, 12 de outubro de 2011 ( Farol da Barra)

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